Meredieu analisa três estágios dos rabiscos, são eles:
1 – Estágio Vegetativo Motor (por volta dos dezoito meses): Acontece quando a criança desenha de formas circulares (arredondado, convexo ou alongado) sem tirar o lápis do papel, estilo próprio de cada indivíduo. Estas muitas informações que partem do centro são nada mais do que uma simples excitação motora, ou seja, ela rabisca por prazer.
2 – Estágio Representativo (por volta dos dois e três anos de idade): Ao contrário do estágio anterior, neste a criança já torna possível o levantamento do lápis, o aparecimento de formas mais isoladas, ou seja, ela passa do traço contínuo para o descontínuo, tornando seu ritmo mais lento e a tentativa de produzir objetos e comentários verbais do desenho.
3 - Estágio Comunicativo (começa entre os três e quatro anos): Por fim, acontece a imitação da escrita do adulto. Ela tenta se comunicar com outras pessoas através da vontade de escrever, tornando sua escrita fictícia, na qual é parecida com os dentes de uma serra.
Observando a evolução do rabisco, onde a criança repousa-o para produzir novas formas: “pequenos traços retomados e superpostos’, ‘sombreamento no lugar’, marca aquisição do controle simples”. Vale ressaltar, que a criança ao realizar essa tarefa ela está percebendo que pode produzir novas formas e novos pontos de linhas tirando o lápis do papel, realizando novos gestos motores.
Até o momento a criança desenhava com seu aperfeiçoamento em condições motoras, surge neste momento a aptidão do desenho que a faz moldurá-los e enquadrá-los primeiramente em seus contornos da folha e consequentemente irá se libertar aos poucos neste novo processo, com isso nasce o controle duplo, ou seja, os mecanismos espaciais representativos e perceptivos. Neste momento a criança percebe que seu olhar é quem comanda seu traçado e não mais aquele processo mecânico. O desenhista percebe que consegue realizar combinações como: “círculos tangentes exteriormente, figuras circulares englobando outras figuras, ovóides secantes, etc.” Daí a necessidade, de considerar os rabiscos como um processo inicial da criança, na qual posteriormente será transformado em desenhos. Os rabiscos são as primeiras manifestações das crianças sobre o papel, sendo que muitos acreditam que esse gesto de rabiscar não há significado nenhum, mas iremos apresentar que através dos rabiscos é que tudo se inicia, é a primeira expressão significativa da criança. Portanto, podemos chamar este estágio de evolução do desenho informal, ou seja, a criança não tem um desejo de traçar com precisão, o que se torna no plano plástico: o borrão ou aglomerado e no plano gráfico, que são os rabiscos. Toda esta produção artística da criança já é capaz de ser entendida em sua vida futurista, pois estas manifestações que elas nos trazem são consideradas como uma verdadeira “pré-história” do desenho. Conforme mencionamos acima sobre os borrões que as crianças executam, estes estão relacionados o que Merèdieu chama de jogos e manipulações, que ocorrem quando as crianças estiverem em contato com suas papinhas, chocolates, mingaus ou outros alimentos, pois sentem a necessidade de se sujar causando um imenso prazer.
MEREDIEU, Florence de. O desenho infantil. São Paulo: Cultrix, 2006.