Meu filho não come. O que eu posso fazer?


Alimentação infantil é um tema que rende assunto em tudo quanto é lugar: no grupo de mães do WhatsApp, no elevador, na escolinha, na reunião do condomínio, no escritório. Afinal, tá cheio de gente desesperada por aí, dizendo: “meu filho não come!”. Se você se reconhece nessa frase, saiba que essa é uma queixa bastante comum.

A introdução alimentar, após os seis meses de idade, é uma fase nova para todo mundo: tanto para os pais quanto para o bebê. É quando a criança é apresentada para os alimentos. Algumas, aceitam bem uma grande variedade. Outras, nem tanto.

E a partir daí, cada mês que passa é uma nova descoberta. Até porque cada criança tem sua personalidade. Numa mesma casa, um filho pode ser mais aberto para experimentar novos pratos, e o outro, mais seletivo.

E também acontecem fases em que as crianças comem mais ou menos; aceitam determinado alimento e depois não aceitam mais…enfim, tudo isso é um grande aprendizado.

Não é preciso entrar em pânico! Isso tudo é normal, porque a criança ainda está formando suas preferências. Leva tempo para ela mesma descobrir quais texturas, cores e aromas mais gosta. Quando as pessoas me falam “meu filho não come”, eu tento orientar tanto do ponto de vista nutricional quanto comportamental. Porque as duas coisas andam juntas!

Meu filho não come! O que mudar na alimentação?
A primeira coisa que os pais precisam compreender é que a criança já nasce com a capacidade de ouvir os sinais de fome e saciedade. Ou seja: se estiver com fome, vai pedir por comida. Quando estiver satisfeita, vai parar de comer. Simples assim!

Vejo muitas mães e pais dizendo “meu filho não come” sem perceber que na verdade eles comem sim! Mas talvez não na quantidade que eles imaginariam ser suficiente.

O papel dos pais não é determinar o tamanho das porções e a hora de parar de comer. E sim, oferecer comida de qualidade para seus filhos.

Sendo assim, vale a pena rechear a geladeira com frutas, legumes e verduras, que são importantes fontes de vitaminas e minerais; carnes de todos os tipos, leguminosas, grãos, cereais, tubérculos, leites e derivados. Enfim, comida de verdade, e, sempre que possível, caseira!

É interessante diminuir a oferta de ultraprocessados porque são alimentos transformados pela indústria e, muitas vezes,  ricos em gordura, açúcar, sódio e aditivos químicos. A criança está formando seus hábitos alimentares, então, nada melhor do que acostumar o paladar desde cedo com sabores mais naturais possíveis.

Que tal trocar o suco de caixinha por um suco natural, água pura ou saborizada com frutas? O macarrão instantâneo por um macarrão tradicional (que leva praticamente o mesmo tempo para ser feito, com a vantagem que não vem com o tempero pronto). As bolachas recheadas e salgadinhos por um delicioso bolo caseiro?

Tire do seu vocabulário a frase “meu filho não come”, respeitando a fome do seu pequeno e oferecendo qualidade e variedade para ele.

A hora de comer tem que ser feliz!
Eu sempre digo que o comportamento é tão importante quanto o nutriente. Se você conseguir cultivar bons hábitos alimentares junto ao seu filho, ele provavelmente vai crescer tendo uma boa relação com a comida, com menos risco de ganhar peso em excesso ou desenvolver transtornos alimentares.

Então, vamos começar mudando a abordagem: chega de falar “meu filho não come”. Se ficar repetindo isso, acabará passando essa mensagem para ele; que ele não come mesmo, então, nem vale a pena insistir.

Eu gosto do reforço positivo, de uma linguagem mais amorosa, sem pressão, sem castigos. Se ele não quiser comer uma das refeições principais (café da manhã, almoço ou jantar), respeite. E evite dar outras coisas para compensar (por exemplo: “vou dar um iogurte, ou um biscoito, pelo menos ele vai ficar alimentado”). Se ele não comeu, provavelmente vai sentir mais fome na próxima refeição e você voltará a colocar comida à disposição. O importante é oferecer, oferecer e oferecer!

Eu vejo muito essa situação no meu consultório, por isso, criei em parceria com a nutricionista Janaina Kühn Barni o programa online Efeito Sophie Online, para ajudar mães e pais que querem aprender a dar uma alimentação saudável para seus filhos. São 4 semanas de vídeos online e materiais exclusivos para você te ajudar a acompanhar a rotina alimentar, fazer lista de compras, lanches saudáveis e mais informações para uma alimentação infantil de qualidade. Conheça agora mesmo, estamos te esperando.

Foco no alimento!
Uma outra dica bacana é tentar, desde cedo, criar uma aproximação do seu filho com os alimentos. Você pode levá-lo à feira, ao mercado, pedir que dê dicas na hora de escolher o que fazer para o jantar. Assim ele se sentirá parte do processo, especialmente se ele cozinhar junto! Crianças que cozinham com os pais comem melhor!

Por isso também é importante que a criança seja inserida no contexto normal da família: sem essa de alimentar a criança primeiro, ou fazer um prato diferente para ela. O ideal é que todo mundo coma a mesma comida, e na mesma mesa. Os pais são os grandes espelhos dos pequenos e, se um come brócolis se deliciando, todo mundo come, ok?

E talvez a coisa mais importante que você possa tentar implementar na sua casa é um ambiente agradável e tranquilo em torno da comida, para que a criança entenda, desde cedo, que comer serve para nos nutrir, mas também para nos unir em torno de momentos felizes!

Texto de Sophie Deram
Ph.D, CRN-3 21065, nutricionista.

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